quinta-feira, 29 de março de 2012

Dica de Leitura 202 - Candomblé da Bahia

Nesse livro, a prática precedeu a teoria. Após uma semana de muito trabalho em São Salvador, fui com meu irmão (grande incentivador e estudioso do tema), muié e filhão para uma roça na periferia de Salvador. Lá os búzios foram jogados para cada um de nós pela equede, a ialorixá recebeu sua criança, tudo isso sempre muito bem atendidos e recebidos pelos iaôs. Fiquei pasmo com a riqueza cultural que integra o sincretismo baiano e pude entender porque gigantes como Jorge Amado se renderam a poesia e a força do Candomblé. Na primeira livraria que passei na Praia do Forte, só pude comprar esse simpático livrinho para entender o contexto da extraordinária experiência que passei.

E sigo a jornada, agora acompanhado pelo jovem guerreiro Oxagiam, tendo os auspícios da fortuna que abençoa quem tem orinege ao seu lado (Oxossi e Ogum), casado com a bela e vaidosa Oxum e pai de Xangô, o justiceiro.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Dica de Leitura 201 - Cangaceiros

Nesse livro, JLR continua a saga dos Vieiras. Após o massacre em Pedra Bonita (inspirado em Canudos), as características se reforçam: a apatia de Bento, a violência de Aparício, que está cada vez mais "Lampião" na história. Bento, fugido com a mãe, que não aguenta o tranco, se apaixona e quer casar com Alice, mas para isso terá que vencer o sertão, os inimigos do irmão e sua própria fraqueza de sertanejo sem esperança. Narrativa que segue a mesma pegada de Pedra Bonita, com realce maior para as características individuais e para o cangaço. Ótimo.

Dica de Leitura 200 - Pedra Bonita

Esse livro do menino de engenho José Lins do Rego narra com propriedade de quem é da terra, a tragédia da gente do sertão do final do século XIX e início do século XX: na mais extrema miséria, lutando para viver sua vida seca e esturricada entre o messianismo, o cangaço e o governo.

Tendo como pano de fundo o massacre dos fanáticos de Pedra Bonita (que remonta a massacres reais, como Canudos) os protagonistas são a família Vieira: o manso Bento, criado pelo padre, o romântico Domício e o impetuoso Aparício (livremente inspirado em Lampião). Como cada um se transformou no que tinha de ser...narrado no ritmo lento e fatalista do sertão, gerou uma continuação que estou terminando agora, "Cangaceiros".

Bora ler.

terça-feira, 27 de março de 2012

Dica de Leitura 199 - Quem tem medo do lobo?

Esse livro escrito pela norueguesa Karin Fossum, conta  o encontro trágico entre desajustados sociais - um menor abandonado, um demente e um ladrão, que se envolvem em um roubo e um assassinato...e o trágico fim do trio. Tem um clima meio Stieg Larsson sem os detalhes psicopatas...e um clima deprê de quem não se ajusta ao sistema...

Vejam um trecho legal, onde a analista explica o porque do seu trabalho: "porque as pessoas comuns, as pessoas bem-sucedidas, bem-equipadas, que perseguem os seus objetivos e seguem todas as regras, que alcançam seus objetivos sem dificuldades, quem têm traquejo social perfeito, que navegam pelo mundo com a maior facilidade, que chegam onde querem ir, que adquirem o que querem ter...será que essas pessoas têm alguma coisa remotamente interessante?".

Intrigante.

Dica de Leitura 198 - O império da prata

Quem acompanha as dicas sabe. Para mim, Conn Iggulden é o melhor autor de romances históricos de guerra depois de Bernard Cornwell, principalmente pela série " O imperador", sobre a vida de Júlio César. Nesse, que é o quarto volume da série "O Conquistador", sobre Gengis Khan e seus herdeiros, o autor conta como os descendentes de Genghis Khan dominam parte da Europa e como, muito perto de conquistar TODA a Europa, retornam a sua terra por disputas internas pelo espólio mongol, parando assim seu invencível general Tsubodai. Para conhecer a história, mas não chega no nível da primeira série.

Dica de Leitura 197 - Um diário para Jordan

Nesse livro, muito bonito, nos é contada a vida e morte de um soldado americano (história real), morto no Iraque, através de um diário que ele escreveu para o filho ainda bebê. Trechos do diário são inseridos na narrativa escrita pela esposa jornalista super premiada. Um relato de como o amor é imperfeito, as relações e as decisões são difíceis de serem tomadas, mas como o amor é capaz de florecer em meio a todas essas dificuldades...e como momentos da mais profunda tristeza podem ser alternados com a alegria. Um relato verdadeiro, genuíno e tocante de um verdadeiro guerreiro e de sua família.

domingo, 25 de março de 2012

Dica de Leitura 196 - Lampião, o mata sete

Esse livro é imperdível! Você vai chorar, rolar de rir, da primeira a última página (sem ser essa em nenhumm momento a intenção do autor). Pedro Morais se revela um nordestino reacionário, direitista, com uma interpretação torta da história que busca apenas validar o seu ponto.

O resultado é que ele em 301 páginas conta a história de Lampião. E transforma o rei do cangaço, terror do Brasil por 20 anos, em covarde, homosexual, costureiro, impotente, capado, eunuco, psicopata...sem nenhuma preocupação em colocar o contexto histórico e a maldade do outro lado, que por certo ocorreu. Quando as volantes decepavam a cabeça de algum cangaceiro, isso é "merecido" segundo o autor.

Para terem idéia, vai um trechinho hilariante:

"O afrescalhado Lampião, todo fagueiro, logo se alvoroçou em costurar a indumentária para o rapaz, arrastando para junto de si sua inseparável máquina de costura, amiga e eterna companheira, a quem beijava com estimado carinho. Tomou com zeloso cuidado as medidas, apalpando-lhe o corpo por inteiro, e aqui e ali, tocando as partes protuberantes...Em seguida, com agilidade feminina,...e com toda a frescura..." e por aí vai.

Dica de Leitura 195 - Religião para Ateus

Nesse livro, De Botton coloca como óbvio, Deus não existe (não no sentido antropomórfico que morava nas nuvens e podia falar aos seus seguidores do alto de uma montanha. Mas talvez sim a partir de uma perspectiva spinoziana, onde "Deus" é apenas um termo científico para a força criadora do universo, a primeira causa).

Mas as religiões podem ensinar muito a cada um sob como levar uma vida ética, produtiva e onde exista o desenvolvimento individual e a felicidade. Para isso ele explora temas caros a religião e propõe o que a sociedade secular pode aprender do judaísmo, budismo, cristianismo: comunidade, gentileza, educação, ternura, pessimismo, perspectiva, arte, arquitetura, instituições....

Ótima leitura.

sábado, 24 de março de 2012

Convite Lançamento - Franquias Brasileiras


Pessoal, convido a todos para o lançamento desse livro, escrito pelo meu grande amigo e colega de mestrado Pedro Melo. Para quem se interessa por franquias, imperdível! Eu vou.

Dica de Leitura 194 - O espetáculo mais triste da terra

Gente, temos memória muito curta. Esse livro narra a verdadeira e surrealmente trágica história do incêncido do Gran Circo Norte Americano, em Niterói - 1961. Quem lembra disso? Eu pelo menos nunca tinha ouvido falar. Morreram 525 pessoas, muitas delas criancinhas, o que eu como pai de primeira viagem fiquei arrasado...os depoimentos dos sobreviventes, dos que não sobreviveram....uma história que devia ser mais lembrada e servir mais de referência para evitarmos que isso voltasse ocorrer. Macabro e muito triste.

Dica de Leitura 193 - Eu vos abraço, milhões

Não gostei muito do estilo do Moacyr Scliar. Anyway, nesse livro ele conta a vida de um jovem que se envolve com o comunismo na década de 30. Sem força e convicção para ser um protagonista da história (como a maioria de todos nós) o personagem acaba sendo meio espectador meio trapalhão dos grandes acontecimentos que marcaram a história do Brasil. Valeu para me situar um pouco mais na história da época....e só.

Dica de Leitura 192 - A privataria tucana

Fiquei assustado com esse livro. O autor narra sem meias palavras com documentação farta picaretagens absurdas do PSDB em especial da família do José Serra. Se por um lado fiquei com três pulgas atrás da orelha, por outro lado o autor é meio vago quando relata sua relação com o PT e os processos pelos quais ele passou. Não convence inteiramente, mas terminei de ler com a sensação de vontade de anular o voto daqui pra frente. Agora, que isso vai ter um processo é certeza.

Dica de Leitura 191 - A sabedoria dos cães

Esse livro escrito por Gotham, filho do Deepak Chopra engana no título. Poderia ser " A sabedoria do meu pai". Ele narra as dificuldades e alegrias de sua vida de jovem adulto e os ensinamentos (muitas vezes acompanhados de alguma tensão) do guru 5 estrelas DK. E tem como pano de fundo eventual seus cachorros. Um detalhe interessante é a descrição do relacionamento da família com Michael Jackson, esse sim uma figura insólita e interessante. Não empolgou.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dica de Leitura 190 - Festa no Covil

A delirante história de um chefão mexicano, o "Cobra Cascavel" narrada pelo seu filho, que entre inocência e brutalidade vive no mundo maldito do pai....e como ambos saem a procura de hipopótamos anões da Libéria para seu zoológico particular. É, a dureza da nossa vida acaba com nossa pureza e delicadeza...

Dica de Leitura 189 - O cofre do Dr. Rui

Escrito com pesquisa e profissionalismo, esse livro retrata a história delirante de como a Var-Palmares (onde Dilma militava) assaltou a amante de Adhemar de Barros, colocou milhões no cofre....e perdeu tudo devido a sua péssima organização interna. Vale para conhecer também o trágico destino do jovem idealista, primo da família, que " dedurou" a existência do cofre. Para entender melhor a história do Brasil e a trajetória de nossa presidente e de sua geração.

terça-feira, 20 de março de 2012

Artigo 23 - Grand Masters competindo em alto nível - o momento atual

Publicado - www.judo-grandmasters.com.br
Autor - Rodrigo Guimarães Motta - Faixa Preta 5 DAN e diretor de marketing da Associação de Grand Masters e Kodanshas de Judô do Brasil
Data - 2012

Pessoal, o site da associação está sensacional. Divido esse artigo que redigi com vocês e para amantes de artes marciais, há muitos outros do mais alto interesse para o praticante, em especial o atleta acima de 30 anos. Espero que gostem:


Como praticante de Judô há 33 anos e há 10 anos competindo na categoria grand máster, é uma honra dividir com os membros e simpatizantes da GMJB minha visão (que tenho certeza ser a de muitos outros na mesma situação) sobre o cenário competitivo atual da categoria grand máster, que reúne atletas acima de trinta anos, divididos em categorias de cinco em cinco anos nas mesmas categorias de peso do judô sênior (adulto).
Antes da existência dos campeonatos para grand masters, os praticantes de judô deixavam de competir quando ficavam mais velhos, geralmente após os 30 anos. Com o tempo, por falta de motivação, deixavam de treinar também. O resultado? Toda a experiência (no judô, na vida profissional e pessoal…) desses veteranos não era transmitida as novas gerações. Isso sem falar que esses guerreiros tarimbados perdiam uma enorme fonte de vitalidade e motivação em suas vidas, obtida pela prática do Judô e por se colocar a prova na competição. Mesmo aqueles veteranos que passaram a ser professores, por não mais competirem, deixavam de estar totalmente atualizados com as estratégias, táticas e técnicas mais atuais do Judô, para não falar nas constantes mudanças de regras que aconteceram nos últimos anos.
Até o início da década passada, os campeonatos grand máster (chamados no passado de campeonatos master ou veterano) aconteciam de forma esporádica, principalmente em âmbito estadual. Com o surgimento da WMJA (World Master Judo Association), isso mudou. A entidade começou a organizar os campeonatos mundiais da categoria, que popularizaram o master em todos os continentes. Os judocas, que tem no seu DNA o gosto por uma dura competição, passaram a voltar e se reciclar, e dessa forma auxiliam de forma muito mais efetiva a nova geração de judocas a ser ainda mais forte. A isso, pode ser acrescentado o espírito de JITA KIOEI (bem-estar e prosperidade mútua) que é totalmente presente nos campeonatos master, onde grandes rivais de muitas décadas nos tatames, hoje são grandes amigos e tem a oportunidade de se encontrar, lutar e confraternizar. Esse avanço culminou com a absorção do campeonato mundial e dos campeonatos continentais pela FIJ. Reconheço o mérito da entidade em dar credibilidade e apoiar o master desde 2010, todavia não devemos esquecer o mérito da WMJA e dos judocas grand másters que viabilizaram esse momento vivido pela categoria.
Hoje, a categoria vive um momento extraordinário no Brasil. Com cerca de 400 atletas ativos (que participam das competições), o judoca grand máster pode participar dos campeonatos estaduais, brasileiro, sulamericano, pan-americano e mundial, além das competições amistosas. Há judocas que começaram o judô quando já eram grand másters, mas a maioria dos atletas é composta por judocas que sempre competiram e ainda têm aquela sede de lutar, de dar o máximo de si, de vibrar com a medalha e de chorar com a derrota…e para nossa alegria, alguns atletas olímpicos, já começam a competir no grand másters também, o que confere ainda mais respeito e credibilidade a categoria.
Para organizar os judocas grand másters, foi fundada a GMJB . Orientação física, nutricional, administrativa, treinos… tudo o que for necessário será feito para que tenhamos a curto prazo mais de 1.000 praticantes ativos no Brasil e que nosso país seja o número 1 da categoria (hoje ocupamos uma honrosa quarta colocação, obtida no mundial de 2011, que ocorreu na Alemanha…mas quem está satisfeito com o quarto lugar?). E nesse ponto, coloco a minha visão, de quem já participou de todos os eventos da categoria, sobre como um judoca grand master deve se preparar para dar o máximo de si. São três dicas simples, básicas mesmo, as quais vou chamar de “princípios da excelência grand master”mas que se forem seguidas podem ajudar muito aos grand másters a obterem sucesso – sucesso entendido de acordo com a definição do lendário treinador de basquete universitário americano John Wooden: “o sucesso é a paz de espírito proveniente da consciência que você fez o maior esforço possível para se tornar o melhor dentro do seu potencial”:
1. Organize-se: tão logo saia o calendário anual de competições, defina de quais você vai participar (quanto mais, melhor – isso vai te manter ativo, no peso e vai ajudá-lo a conhecer os principais adversários da categoria). Negocie com a empresa em que trabalha férias para esses períodos e faça a poupança para pagar as despesas de viagem, uma vez que pouquíssimos atletas grand másters tem patrocínio – por enquanto;
2. Prepare-se: o atleta grand master muito provavelmente já teve muitas lesões. E pela sua idade, tem uma propensão maior a se lesionar do que um atleta adulto. Logo, faça um check up completo no início da temporada. Depois, monte uma agenda de treinos, com um preparador físico, um nutricionista e seu sensei, pois se você for se preparar como um atleta juvenil, junior ou sênior, estará muito exposto a lesões e excesso de treinamento e talvez não esteja no seu melhor no dia da batalha;
3. Concentre-se: Há atletas da categoria que levam as famílias nas competições e passam a semana saindo e confraternizando com seus grandes amigos. Respeito quem faz isso, afinal são décadas de convivência, mas pessoalmente prefiro estar totalmente concentrado na semana da competição. Os concorrentes são duros e todos querem a sua medalha. Então, nessa semana me dedico exclusivamente a competição.
Nos próximos artigos irei detalhar cada um dos 3 princípios da excelência grand master, para que cada um possa desenvolver seu plano de trabalho…e assim termos um grand másters muito, mas muito forte no Brasil e que atinja os objetivos estabelecidos pela GMJB ). E nesse ano, a responsabilidade e a adrenalina serão ainda maiores, pois o mundial será em…Salvador, no Brasil!!!

Sobre o Autor

Formado em administração pública pela EAESP/FGV, pós-graduado em administração com ênfase em marketing pela FAE/CDE-PR. Possui MBA em área de concentração em varejo pela FEA/USP e é mestre em administração pela PUC-SP. É co-autor do livro Estratégias de marketing para varejo (Editora Novatec, 2007) e do livro "Trade marketing: teoria e prática para gerenciar os canais de distribuição" (Editora Campus, 2008). Faixa preta 5º DAN, campeão panamericano, tricampeão sul-americano master, tetracampeão brasileiro máster, bicampeão paulista máster, seis vezes campeão paulista universitário, e detém vários outros títulos. No jiu-jítsu também é faixa preta, já foi campeão mundial master e tricampeão do Internacional Máster & Sênior.

Dica de Leitura 188 - Armas, Germes e Aço

Livro sensacional, onde o autor propõe que não foi a superioridade racial européia que fez com que o mundo tivesse a configuração atual e sim uma série de fatores que remontam a pré-história, a saber: a tecnologia militar, a transmissão de doenças infecciosas endêmicas, tecnologia marítima européia, organização política centralizada dos estados europeus e a escrita. E porque esses fatores estavam na Europa? Por fatores como terem iniciado antes a produção de alimentos (o que foi favorecido pela geografia do continente - climas semelhantes e sem barreiras geográficas relevantes). Leitura instigante e complexa, que nos faz pensar de forma diferente na evolução humana....

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dica de Leitura 187 - Mussolini

Pessoal

Esse personagem que passados 70 anos do seu tempo muitas vezes se encontra em posição secundária junto aos titãs que se enfrentaram na II Guerra, com certeza merece ser melhor conhecido. Fiquei impressionado com esse livro. O Duce não só era um político hábil, que colocou a Itália em uma posição de destaque apesar da mediocridade ecônomica e militar do país, como foi um administrador público eficiente ao longo dos 20 anos de seu governo. As péssimas escolhas ao se aliar com a Alemanha, ao declarar guerra aos países africanos...levaram a sua inevitável ruína. Mas o mito do "uomo forte" sempre esteve presente na sua dramática trajetória. Me marcou o embate final entre ele e seu genro, Conde Ciano, que é perdoado, convive com o Duce e sua família durante sinistros meses e acaba morto para não enfraquecer a enfraquecidíssima imagem do Duce perante Hitler. Que aliás, foi o único que não abandonou Mussolini. Ele e Clara Petacci. Dramático, necessário e interessantíssimo.