segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crônicas de um judoca determinado - 8 - O campeão brasileiro e o rato que ruge

Última crônica de um judoca determinado, escrita pelo meu amigo Emir sobre as peripécias de seu filho Luis Henrique Vilalba nos tatames. Imperdível para quem gosta de ler e de judô!

No dia 19 de julho de 1981, em Brasília, aconteceram os Jogos Estudantis Brasileiros, os JEB’S/81, com o Rio Grande do Sul, pela primeira vez na sua história, tendo um Campeão Brasileiro, em jornada memorável e desempenho irrepreensível do Luís Henrique.
Foram seis lutas, contra Sergipe (Santos, ippon aos 10’), Ceará (Carvalho, ippon aos 60’), Paraíba (Vieira, ippon aos 75’), Rio de Janeiro (Alves, vitória por wazzari e desistência do adversário, tudo em 2 minutos), São Paulo (Parada, vitória por wazzari) e a última Bahia (Coutinho, ippon aos 75’) e, no final daquele 1981, aos 15 anos, a merecida promoção à faixa preta.
A Nilza, sortuda, esteve presente em Brasília e foi testemunha daquele magnífico feito do judoca que continuava fazendo história.
Outro fato interessante e digno de nota aconteceu no torneio nacional “Beneméritos do Judô do Brasil”, em 19 de setembro de 1986 em São Paulo, com o Luís Henrique aos vinte anos e integrando a equipe sênior do Grêmio de Porto Alegre naquele evento.
Como se sabe, no Beneméritos os atletas não competem dentro dos seus pesos, é competição por equipes e peso absoluto. Nessa formatação, é normal a disparidade de pesos, até exagerada, como veremos.
Numa das disputas do Grêmio contra uma equipe paulista, um dos integrantes era campeão brasileiro junior absoluto, um mastodonte de 120 quilos e uma soberba do seu tamanho.
Antes mesmo do início da luta, ainda nas arquibancadas onde as equipes aguardavam a entrada no tatame, o possante energúmeno começou a depreciar o Luís Henrique, então com 65 quilos, que seria o seu adversário, rindo e fazendo troça, alertando a todos de que enfrentaria um rato (“Pessoal, olhem o rato que eu vou pegar!”).
Azar dele mexer com os brios de um judoca raçudo e determinado e, ainda gaúcho, pois acabou vencido por ippon através de um seoi o toshi perfeito! Nesse dia ele conheceu o “rato que ruge”...
Findando esta série de crônicas, este pai orgulhoso quer estender a homenagem ao Junior e ao Márcio, tão bons, leais e determinados quanto o Luís Henrique, não esquecendo da Carmen, que um dia também vestiu um quimono de Judô.
Obrigado, filhos amados, pela enorme alegria que vocês têm proporcionado a mim e sua mãe, em todos os sentidos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Crônicas de um judoca determinado - 7 - A difícil missão do professor Fernando Lemos

Penúltima crônica de um judoca determinado, onde meu amigo Emir Nunes Moreira nos conta as peripécias do seu filho e grande judoca Luis Henrique no judô no Rio Grande, no Brasil e no Mundo. Uma delícia de ler!

O ano de 1980 oferecia a oportunidade para o Luís Henrique conquistar o octacampeonato estadual gaúcho na categoria juvenil-mirim, 13 e 14 anos, já portando a faixa marrom.
A esta altura do campeonato, com o nome feito no estado, à custa de muitos e memoráveis ippons, era enorme a quantidade de adversários almejando batê-lo, acabar mesmo com tão longevo “reinado”.
No Stylo Judô Clube de Porto Alegre havia um menino de 14 anos, o Eros Alex Ribeiro, que foi o escolhido para a façanha, a ser desenvolvida através de meios altamente estratégicos e baseada em um trabalho de aproximadamente dois meses.
O profissional indicado para conduzir o Eros à vitória sobre o Luís Henrique foi o renomado professor de Judô e Educação Física Fernando Lemos. E, verdade seja dita, ele procurou-nos antes e contou do seu objetivo, a ser feito em moldes científicos, aliando intensa preparação física, técnica e emocional.
Para tanto, e com a anuência dos seus pais, o professor Fernando praticamente levou o Eros para morar consigo por cerca de dois meses antes do campeonato estadual daquele ano. O professor Fernando Lemos, a par do seu notável conhecimento e das inegáveis qualidades do seu judoca, tratou de filmar as lutas do Luís Henrique para estudar todos os seus movimentos, além de muito treino físico e técnico e incontáveis horas de motivação, para facilitar a vida do Eros e, em consequência, até, evitar o octacampeonato estadual consecutivo do Luís Henrique.
Por ser uma pessoa transparente, o professor Fernando fez toda a preparação do Eros às claras, nada tinha contra o Luís Henrique, apenas entendia que poderia vencê-lo com um atleta escolhido a dedo.
E, no dia 30 de agosto de 1980, no DED, com uma só área funcionando, houve a final tão esperada, sob a mediação do prof. Luiz Scandiel, sempre ele, novamente indicado por puro acaso.
O Eros, super motivado, partiu com tudo, tomando todas as iniciativas, o que levou o prof. Scandiel a punir o Luís Henrique, dando ao Eros uma pequena vantagem no placar. Incontinenti, e não obstante os desesperados gritos do prof. Fernando Lemos para refrear o seu entusiasmo, o Eros literalmente correu para cima do Luís Henrique e levou um ippon perfeito, morote seoi nague, claro!
O Eros, bom menino, jamais logrou uma vitória sobre o Luís Henrique.