Para quem estiver interessado em se aprofundar sobre a maçonaria, segue abaixo pequeno texto escrito sobre uma das principais lendas da ordem. Espero que seja útil e divertido.
A lenda do grau 3 da maçonaria, a partir da
qual toda a ritualística e simbologia do mesmo é desenvolvida, envolve a morte
de um dos responsáveis pela construção do Templo de Jerusalém, Hiram Abbif.
Pode-se perguntar porque essa lenda, que é tão
fundamental para a maçonaria, não é apresentada no grau de aprendiz ou de
companheiro. Como veremos a seguir, essa lenda é justamente o marco que divide
a experiência e o conhecimento do aprendiz e do companheiro com o do mestre.
Somente um mestre maçônico que teve a vivência simbólica que o grau oferece
para entender os fundamentos contidos na beleza e na tragédia de Hiram Abbif.
Esse templo, que se tornou lendário dentro da
maçonaria e fora dela ao longo dos séculos, foi construído pelo Rei Salomão.
Como o mesmo não possuía a expertise necessária para desenvolver uma obra que
realmente pudesse glorificar ao seu Deus, ele solicitou o apoio do Rei Hiram,
de Tiro. Essa não só era uma cidade muito rica, como também era uma cidade onde
haviam hábeis construtores.
O Rei Hiram, que já estava comprometido com
esse projeto com o pai de Salomão, Davi, imediatamente auxilia Salomão
oferecendo recursos para o financiamento da obra, matérias primas importantes
que poderiam ser mais facilmente obtidas a partir de Tiro que era um importante
porto da antiguidade e também seu principal mestre, Hiram Abbif. Abbif tinha
toda a experiência, liderança e capacidade estética para conduzir uma obra
gigantesca (segundo alguns autores chegou a 120.000 pessoas o número de
trabalhadores envolvido com a construção) e que se esperava que fosse algo tão
impactante e belo como o mundo nunca viu.
Hiram Abbif se provou à altura da tarefa.
Organizou seus construtores de acordo com o grau de proficiência, como já era
feito em Tiro. Então, quem se iniciava nos trabalhos do templo era um aprendiz,
que ao adquirir alguma proficiência passava a ser um companheiro. Quando
finalmente ele tinha condições de desenvolver trabalhos maravilhosos e de
passar esse conhecimento para os demais, era alçado ao cargo de mestre. Cada um
dos cargos que compunham a estrutura hierárquica dos construtores do templo,
tinha o conhecimento esperado por parte do membro, a ritualística envolvida
para que o participante de cada grau pudesse ser reconhecido do participante de
outro grau e também condições de trabalho e salários melhores. Podesse ver a
partir dessa descrição como a maçonaria dos tempos de Hiram Abbif tem
similaridades e analogias com a maçonaria simbólica atual.
Era portanto, uma aspiração de todos se
tornarem mestres. Perto do final da construção do templo, um grupo de 15
conspiradores, desejosos de obterem os benefícios do mestrado, se uniram para
conspirar e criar uma forma de obrigar Hiram Abbif a conceder o conhecimento da
simbologia necessário para que os mesmos ascendesse ao grau superior.. Logo
após o início da conjuração 12 dos conspiradores desistiram do maligno projeto,
mas 3 deles, que segundo alguns autores eram irmãos, decidem insistir e
enfrentar o grande Hiram Abbif para obter o conhecimento do mestrado. Observo a
relação que a lenda demonstra com outras ciências e áreas do conhecimento da
humanidade além da maçonaria, pois 12 são os meses do ano e 12 eram os
apóstolos de Jesus Cristo
Em um certo dia, perto do meio dia (novamente,
pode-se ver como a lenda é aplicada nos trabalhos maçônicos atuais, nesse caso
a disposição física da loja) os 3 irmãos cercam Hiram Abbif que estava dentro
do templo. Ao buscar a saída, ele é confrontado pelo primeiro dos irmãos, que
ao receber uma negativa como resposta, visto que Hiram Abbif não poderia passar
os sinais e palavras do mestre para alguém que não tivesse o conhecimento
necessário e muito menos sem a aprovação dos outros dois líderes na construção
do grande templo (Hiram e Salomão) o agride com uma régua. Atordoado, Abbif se
dirige para a próxima porta e a mesma situação se repete com o próximo irmão.
Também enfurecido, esse agressor ataca o mestre com outro instrumento de
trabalho dos construtores, um esquadro. Já nas últimas Abbif busca a uma nova
saída, apenas para ser agredido pelo último irmão dessa vez com um maço. Morre
de forma covarde o maior dos mestres construtores da história da humanidade.
Após esse ato insano, os irmãos constatam a
dimensão do crime que cometeram e escondem temporariamente o corpo de Abbif no
templo e quando o movimento diminui eles o levam para um local ermo e o
enterram, marcando a cova com uma acácia. Salomão, desesperado com o sumiço de
seu mestre, pede todos procurem Hiram Abbif. Os 12 conspiradores arrependidos
confessam o que andavam tramando e são incorporados as buscas. Finalmente,
Abbif é encontrado. Ao tentar tirar o seu corpo da cova rasa, encontram muita
dificuldade para realizar isso, devido ao seu avançado estado de decomposição.
Finalmente, um dos que estavam resgatando o cadáver consegue içar o corpo
utilizando o cumprimento em garra que é um dos símbolos característicos da
maçonaria simbólica.
Após
essa situação terrível, Hiram Abbif é enterrado em seu terceiro e definitivo
local de descanso após a morte. Salomão continua a empreender esforços para
capturar os assassinos, que são finalmente capturados e mortos como castigo
pelo crime que cometeram.