quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A Lenda do Grau 3

Para quem estiver interessado em se aprofundar sobre a maçonaria, segue abaixo pequeno texto escrito sobre uma das principais lendas da ordem. Espero que seja útil e divertido.

A lenda do grau 3 da maçonaria, a partir da qual toda a ritualística e simbologia do mesmo é desenvolvida, envolve a morte de um dos responsáveis pela construção do Templo de Jerusalém, Hiram Abbif.

Pode-se perguntar porque essa lenda, que é tão fundamental para a maçonaria, não é apresentada no grau de aprendiz ou de companheiro. Como veremos a seguir, essa lenda é justamente o marco que divide a experiência e o conhecimento do aprendiz e do companheiro com o do mestre. Somente um mestre maçônico que teve a vivência simbólica que o grau oferece para entender os fundamentos contidos na beleza e na tragédia de Hiram Abbif.

Esse templo, que se tornou lendário dentro da maçonaria e fora dela ao longo dos séculos, foi construído pelo Rei Salomão. Como o mesmo não possuía a expertise necessária para desenvolver uma obra que realmente pudesse glorificar ao seu Deus, ele solicitou o apoio do Rei Hiram, de Tiro. Essa não só era uma cidade muito rica, como também era uma cidade onde haviam hábeis construtores.

O Rei Hiram, que já estava comprometido com esse projeto com o pai de Salomão, Davi, imediatamente auxilia Salomão oferecendo recursos para o financiamento da obra, matérias primas importantes que poderiam ser mais facilmente obtidas a partir de Tiro que era um importante porto da antiguidade e também seu principal mestre, Hiram Abbif. Abbif tinha toda a experiência, liderança e capacidade estética para conduzir uma obra gigantesca (segundo alguns autores chegou a 120.000 pessoas o número de trabalhadores envolvido com a construção) e que se esperava que fosse algo tão impactante e belo como o mundo nunca viu.

Hiram Abbif se provou à altura da tarefa. Organizou seus construtores de acordo com o grau de proficiência, como já era feito em Tiro. Então, quem se iniciava nos trabalhos do templo era um aprendiz, que ao adquirir alguma proficiência passava a ser um companheiro. Quando finalmente ele tinha condições de desenvolver trabalhos maravilhosos e de passar esse conhecimento para os demais, era alçado ao cargo de mestre. Cada um dos cargos que compunham a estrutura hierárquica dos construtores do templo, tinha o conhecimento esperado por parte do membro, a ritualística envolvida para que o participante de cada grau pudesse ser reconhecido do participante de outro grau e também condições de trabalho e salários melhores. Podesse ver a partir dessa descrição como a maçonaria dos tempos de Hiram Abbif tem similaridades e analogias com a maçonaria simbólica atual.

Era portanto, uma aspiração de todos se tornarem mestres. Perto do final da construção do templo, um grupo de 15 conspiradores, desejosos de obterem os benefícios do mestrado, se uniram para conspirar e criar uma forma de obrigar Hiram Abbif a conceder o conhecimento da simbologia necessário para que os mesmos ascendesse ao grau superior.. Logo após o início da conjuração 12 dos conspiradores desistiram do maligno projeto, mas 3 deles, que segundo alguns autores eram irmãos, decidem insistir e enfrentar o grande Hiram Abbif para obter o conhecimento do mestrado. Observo a relação que a lenda demonstra com outras ciências e áreas do conhecimento da humanidade além da maçonaria, pois 12 são os meses do ano e 12 eram os apóstolos de Jesus Cristo 

Em um certo dia, perto do meio dia (novamente, pode-se ver como a lenda é aplicada nos trabalhos maçônicos atuais, nesse caso a disposição física da loja) os 3 irmãos cercam Hiram Abbif que estava dentro do templo. Ao buscar a saída, ele é confrontado pelo primeiro dos irmãos, que ao receber uma negativa como resposta, visto que Hiram Abbif não poderia passar os sinais e palavras do mestre para alguém que não tivesse o conhecimento necessário e muito menos sem a aprovação dos outros dois líderes na construção do grande templo (Hiram e Salomão) o agride com uma régua. Atordoado, Abbif se dirige para a próxima porta e a mesma situação se repete com o próximo irmão. Também enfurecido, esse agressor ataca o mestre com outro instrumento de trabalho dos construtores, um esquadro. Já nas últimas Abbif busca a uma nova saída, apenas para ser agredido pelo último irmão dessa vez com um maço. Morre de forma covarde o maior dos mestres construtores da história da humanidade.

Após esse ato insano, os irmãos constatam a dimensão do crime que cometeram e escondem temporariamente o corpo de Abbif no templo e quando o movimento diminui eles o levam para um local ermo e o enterram, marcando a cova com uma acácia. Salomão, desesperado com o sumiço de seu mestre, pede todos procurem Hiram Abbif. Os 12 conspiradores arrependidos confessam o que andavam tramando e são incorporados as buscas. Finalmente, Abbif é encontrado. Ao tentar tirar o seu corpo da cova rasa, encontram muita dificuldade para realizar isso, devido ao seu avançado estado de decomposição. Finalmente, um dos que estavam resgatando o cadáver consegue içar o corpo utilizando o cumprimento em garra que é um dos símbolos característicos da maçonaria simbólica.

 Após essa situação terrível, Hiram Abbif é enterrado em seu terceiro e definitivo local de descanso após a morte. Salomão continua a empreender esforços para capturar os assassinos, que são finalmente capturados e mortos como castigo pelo crime que cometeram.

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