quinta-feira, 9 de junho de 2011

Crônicas de um judoca determinado - 7 - A difícil missão do professor Fernando Lemos

Penúltima crônica de um judoca determinado, onde meu amigo Emir Nunes Moreira nos conta as peripécias do seu filho e grande judoca Luis Henrique no judô no Rio Grande, no Brasil e no Mundo. Uma delícia de ler!

O ano de 1980 oferecia a oportunidade para o Luís Henrique conquistar o octacampeonato estadual gaúcho na categoria juvenil-mirim, 13 e 14 anos, já portando a faixa marrom.
A esta altura do campeonato, com o nome feito no estado, à custa de muitos e memoráveis ippons, era enorme a quantidade de adversários almejando batê-lo, acabar mesmo com tão longevo “reinado”.
No Stylo Judô Clube de Porto Alegre havia um menino de 14 anos, o Eros Alex Ribeiro, que foi o escolhido para a façanha, a ser desenvolvida através de meios altamente estratégicos e baseada em um trabalho de aproximadamente dois meses.
O profissional indicado para conduzir o Eros à vitória sobre o Luís Henrique foi o renomado professor de Judô e Educação Física Fernando Lemos. E, verdade seja dita, ele procurou-nos antes e contou do seu objetivo, a ser feito em moldes científicos, aliando intensa preparação física, técnica e emocional.
Para tanto, e com a anuência dos seus pais, o professor Fernando praticamente levou o Eros para morar consigo por cerca de dois meses antes do campeonato estadual daquele ano. O professor Fernando Lemos, a par do seu notável conhecimento e das inegáveis qualidades do seu judoca, tratou de filmar as lutas do Luís Henrique para estudar todos os seus movimentos, além de muito treino físico e técnico e incontáveis horas de motivação, para facilitar a vida do Eros e, em consequência, até, evitar o octacampeonato estadual consecutivo do Luís Henrique.
Por ser uma pessoa transparente, o professor Fernando fez toda a preparação do Eros às claras, nada tinha contra o Luís Henrique, apenas entendia que poderia vencê-lo com um atleta escolhido a dedo.
E, no dia 30 de agosto de 1980, no DED, com uma só área funcionando, houve a final tão esperada, sob a mediação do prof. Luiz Scandiel, sempre ele, novamente indicado por puro acaso.
O Eros, super motivado, partiu com tudo, tomando todas as iniciativas, o que levou o prof. Scandiel a punir o Luís Henrique, dando ao Eros uma pequena vantagem no placar. Incontinenti, e não obstante os desesperados gritos do prof. Fernando Lemos para refrear o seu entusiasmo, o Eros literalmente correu para cima do Luís Henrique e levou um ippon perfeito, morote seoi nague, claro!
O Eros, bom menino, jamais logrou uma vitória sobre o Luís Henrique.

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