quarta-feira, 11 de maio de 2011

Crônicas de um judoca determinado - 1 - Uma promoção quase a força

Pessoal, meu amigo Emir Vilalba, pai de 3 faixas pretas casca-grossa, entre eles o Luis Henrique Vilalba e o outro o Emir Vilalba, que fizeram história no judô do RS, SP e Brasil, escreveu algumas crônicas sobre a formação e o desenvolvimento no judô de seu filho mais velho, o Luis Henrique.

Quando ele dividiu comigo os deliciosos textos, logo pedi para publicar no BLOG. Com sua autorização, aí vai a primeira crônica. Boa leitura!!!

Léa Maria Chaves Linhares, com quem tudo começou em 6 de setembro de 197l, um nome para jamais ser esquecido.
E, em 20 de dezembro de 1971, no Colégio Estadual Gonçalves Dias de Porto Alegre, o Luís Henrique, então com cinco anos, protagonizou uma façanha incrível: com pouco mais de três meses de prática de Judô, sob a orientação da Léa Linhares, a primeira mulher gaúcha a chegar à faixa preta, conquistou a graduação para a faixa azul de forma inusitada.
Para minorar os efeitos maléficos da asma, e seguindo orientação médica, o Luís Henrique começou a praticar Judô com a Léa naquele 6.9.1971, professora indicada pelo saudoso Henrique Dias.
De pronto, não obstante a sua pequena estatura, a sensível Léa Linhares viu nele um judoca promissor, passando a ensinar-lhe o morote seoi nague como técnica mais favorável e indicada à sua mini envergadura e grande velocidade.
Transcorridos pouco mais de três meses de treinos, participamos em 20 de dezembro de 1971 da festiva troca de faixas dos judocas do Gonçalves Dias, em cuja relação não constava o nome do Luís Henrique, por nem ter tempo de treinamento suficiente para ser promovido à faixa azul, a primeira graduação à época.
No dia aprazado, com todos os atletas postados, o Luís Henrique, do alto dos seus cinco anos e faixa branca, questionou a Léa de que queria também ser promovido, com tal insistência que a deixou estupefata. A Léa, então, para não desestimulá-lo, propôs uma série de cinco randoris, com meninos de seis a oito anos, para determinar a promoção: ao Luís Henrique, alertou da necessidade de ganhar com cinco ippons para fazer jus à faixa azul; aos cinco contendores, a recomendação séria de que, se facilitassem a tarefa do desafiante, eles próprios não seriam promovidos e deixariam de receber as suas faixas.
O que se viu, então, foi inesquecível: o pequeno judoca derrubou um a um os seus contendores, com a aplicação de morotes perfeitos e cinco ippons incontestáveis... A Léa, coitada, metida numa saia justa inesperada, apenas ria e meneava a cabeça, não acreditando no que os seus olhos registraram!
Findas as cinco lutas, a Léa teve que arranjar uma faixa azul emprestada para promover quase à força o pequeno judoca, faixa original, aliás, que nunca foi devolvida ao seu dono, sendo substituída por uma outra novinha em folha.

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