Nessa quinta crônica de um judoca determinado, Emir Vilalba conta a importância dos adversários para a formação do grande judoca que foi seu filho, Luis Henrique. E como escolhas diferentes podem levar pessoas ao céu ou ao inferno...Demais!
O valoroso atleta Antônio Goulart, o Tuti, de Santa Maria, marcou época no judô gaúcho pela valentia, garra, técnica e uma imensa determinação em vencer o Luís Henrique.
Encontravam-se, no mínimo, duas vezes por ano, no Campeonato Estadual Estudantil e no Campeonato Estadual do Rio Grande do Sul, e o Tuti, a par de uma admiração muito grande pelo seu adversário, nutria o desejo de vencê-lo um dia no tatame, o que jamais ocorreu.
Era um menino extremamente educado e simpático e sempre nos procurava antes das competições para saber se estava na mesma chave do Luís Henrique, tendo ambos protagonizado lutas memoráveis: o Tuti enfrentava o Luís Henrique com a gana de vencer, ia para cima mesmo, mas quase sempre acabava vencido por ippon.
Hoje o Tuti é .médico em Santa Maria, sua cidade natal.
Já o Cesar Schneider, o Toquinho, adversário em muitas disputas, logrou uma vitória na bandeira em 13 de maio de 1978 no Campeonato Metropolitano, categoria infanto-juvenil pluma (11 e 12 anos).
O Cesar Schneider, atleta do Grêmio de Porto Alegre, era muito ágil e voluntarioso, e o seu clube em peso comemorou muito essa única vitória sobre o Luís Henrique, com destaque para o pai do Carlos Heitor, cujo nome não lembro: aquele senhor, de porte e barriga avantajados, após proclamada a vitória do Toquinho, saiu a correr pelas dependências do DED – Departamento Estadual de Desportes aos gritos de “Acabou o reinado, acabou o reinado!..”
Anos depois, com o Luís Henrique atleta do Grêmio e convivendo com aquelas mesmas pessoas, tive ímpetos de cobrar daquele senhor a sua ridícula correria pelo DED, mas me contive, até porque, fazendo menção a um reinado que acabara, plasmou o reconhecimento de que havia, sim, um rei, o rei-menino dos tatames, que com a sua técnica e determinação reescreveu a História do Judô no Rio Grande do Sul.
Quanto ao Cesar Schneider, o Toquinho, que mais tarde, fazendo das drogas a sua companhia constante, morreu de overdose antes dos vinte anos de idade, coitado.
Duas histórias dos tatames e dois destinos muito diferentes.
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