segunda-feira, 16 de maio de 2011

Crônicas de um judoca determinado - 2 - Navegando com o Gondoleiros

Pessoal, mais uma crônica sobre a formação do grande judoca e amigo Luis Henrique Vilalba, escrita por seu pai, meu também amigo Emir. Para quem gosta de judô, ou só de ler, imperdível!

A professora Léa Linhares, antevendo que o pequeno judoca tinha futuro e por não ser uma pessoa egoísta, encaminhou o Luís Henrique para a Sociedade Gondoleiros de Porto Alegre, onde o competente professor japonês Naoshige Ushijima, o Nao, era o titular, chegado há pouco tempo no Brasil e falando um português arrevesado, mas com um profundo domínio das técnicas do Judô.
A transferência foi no início de 1972 e a interação entre os dois foi imediata, com o Nao passando a aperfeiçoar o morote seoi nague do Luís Henrique, técnica que viria a ser a sua favorita e uma arma letal contra os seus adversários: estes sabiam que o morote era iminente e quase sempre levavam o ippon em função desse golpe...
Foram três anos no Gondoleiros, de 1972 a 1974, com o Luís Henrique conquistando individualmente dezoito ouros e quatro pratas. Destaque, ainda, para o título metropolitano mirim de 1974, o bicampeonato estadual estudantil de 1973/74, o bicampeonato estadual do Rio Grande do Sul de 1973/74, promoções às faixas amarela (1972) e laranja (1974) e a sua escolha como o “Melhor Atleta Mirim do Estado” em 1973 e 1974.
Um fato a ser destacado nesse período, por ser peculiar, foi o Torneio Gondoleiros x Jigoro Kano, de Santa Maria, em 4 de junho de 1972, quando viajamos de ônibus para àquela cidade, levando o Junior com menos de dois meses de vida. Como tínhamos muitas fraldas de pano molhadas, utilizamos aquele suporte de cima do ônibus para secá-las, certamente o único veículo com tais enfeites naquela ocasião... Registro: o Luís Henrique foi campeão mirim pluma, ganhando todas a lutas de ippon, sendo essa a sua primeira medalha.
Hoje, mais do que nunca, temos a convicção de que a ida do Junior à Santa Maria, então um bebê com exatos quarenta e quatro dias, não foi uma irresponsabilidade dos seus pais, mas a necessidade de toda a família estar presente num evento tão importante para o irmão mais velho. O Luís Henrique, inclusive, não acreditava que a Nilza viajasse, sendo o Junior tão pequenino...
Deve ser destacado que a Sociedade Gondoleiros de Porto Alegre, um clube com vocação social, através do seu pequeno departamento de Judô, foi bicampeã metropolitana 1973/74 e campeã estadual geral de 1974, batendo os mais tradicionais e antigos clubes praticantes do esporte no Rio Grande do Sul.
O Luís Henrique, então com oito anos e faixa laranja, e sempre com o competente e inesquecível Nao, evoluiu muito como judoca, passando a dominar outras técnicas, mas sempre com o morote seoi nague como a preferida.

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