quinta-feira, 26 de maio de 2011

Crônicas de um judoca determinado - 4 - O quimono japonês e o Jornal A Notícia

Sempre entendi que o bom atleta tinha que vestir o melhor quimono e estar impecável durante as competições, de qualquer nível.
Para tanto, era com a maior satisfação que preparava o seu quimono, passando-o com esmero, quando necessário, após ser lavado e deixado imaculadamente branco pela mãe. O escudo do clube e a própria faixa eram, também, motivos de cuidados especiais.
Ali pelos oito ou nove anos, botei na cabeça que o Luís Henrique devia e merecia ter um quimono japonês, de preferência comprado em Tóquio, indumentária que cairia como uma luva no jovem e admirado judoca.
Para tanto, procurei um comissário de vôo da Varig, que aceitou a incumbência de trazer do Japão um legítimo quimono, ao custo de cem dólares americanos. Quase um mês depois, telefonou-me a esposa do comissário com a tão esperada encomenda em mãos, apenas com um inesperado acréscimo de mais cem dólares...
Não obstante o incidente, o Luís Henrique vestiu, e muito bem, o quimono japonês, importado com grande sacrifício, ganhando com ele muitas competições.
Como filho de sãoluizense e amigo pessoal do José Grisólia Filho, o Iso, é evidente que o Luís Henrique e seus irmãos tinham abrigo permanente nas páginas do jornal local “A Notícia”, o destemido hebdomadário que cobre São Luiz Gonzaga e adjacências.
Foram muitas as matérias, algumas de páginas inteiras, com cobertura, inclusive, de uma inédita demonstração de Judô em São Luiz, com dois ônibus da Sogipa de Porto Alegre viajando mais de mil quilômetros, a fim de mostrar o esporte de Jigoro Kano para uma platéia de pasmos e toscos sãoluizenses, que lotaram o ginásio local.
Mais tarde, com o Luís Henrique com uns vinte anos e mais a companhia do Junior e do Márcio, vale a pena o registro de uma outra demonstração dos três irmãos num clube em São Luiz, desta feita com o uso do Judô como arma de defesa pessoal.
Procurei, antes, o batalhão local da gloriosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que emprestou-nos um revólver calibre 38, carregado com quatro cápsulas de pólvora seca.
O ápice da demonstração ocorria com o Luís Henrique projetando e desarmando o Junior, que o atacara, e mesmo subjugado, detonava os quatro tiros, até para causar maior impacto.
O que deu de conterrâneo se jogando no chão, não tem no mapa...

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