quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Artigo 17 - Exame de graduação: Federação, professores, famílias e a moral do Judô

Artigo: Exame de graduação: Federação, professores, famílias e a moral do Judô
Publicado: http://www.fpj.com.br/
Autor: Rodrigo Guimarães Motta – Diretor de Marketing e Faixa Preta 5 DAN
Data: 2006

Nesse sábado, dia 17 de Junho de 2006, foi realizado o exame de graduação da Federação Paulista de Judô. Tive a oportunidade de realizar esse exame e ser aprovado para faixa-preta 5º DAN, após 27 anos de treinos nos tatames. Cerca de 50 judocas realizaram o exame, para 1º, 2º e 5º DAN. Esse artigo registra o maior sentimento dos judocas após uma conquista dessa importância: agradecimento.
Agradecimento à FPJ, pela entidade representar com seriedade e profissionalismo o judô no estado de São Paulo. Tive oportunidade de morar em outros estados e os exames não eram rigorosos como os de nosso estado e os judocas não tinham os cursos que a FPJ oferece para se prepararem. Vale registrar também a estrutura que a Federação tem hoje e compará-la ao início dessa gestão: arena olímpica, tatames importados, patrocínios como o da Nossa Caixa,...Enfim, uma gestão vitoriosa em todos os sentidos. Vitórias essas que são conquistadas com os verdadeiros valores do judô. Lembro em 1999, quando era gerente de marketing de uma empresa nacional e soube que a Edinanci Silva necessitava de patrocínio para ir aos Jogos Olímpicos. Tentei diversas vezes entrar em contato com ela, mas or dirigentes da CBJ à época só permitiriam que eu entrasse em contato com ela, se fosse pago um "pedágio" à Confederação. A situação só foi resolvida quando o presidente Francisco, me colocou em contato com a Edinanci, sem benefício monetário nenhum para a FPJ e o patrocínio foi fechado. Graças a ele Edinanci foi à Olímpíada e a diversos campeonatos, como o Panamericano e o Mundial, tendo representado com dignidade o judô brasileiro.
Agradecimento aos professores, amigos e colegas judocas. Sempre tive a felicidade de contar com excelentes professores, portadores de um genuíno comprometimento com o desenvolvimento do judoca dentro e fora do tatame. Iniciei minha trilha no judô treinando com os senseis José e Armando Lechner, depois com a redução da carga de treinamentos e competições do clube onde os mesmos ministravam aulas, fui treinar com o sensei Ishii e com o sensei Uchida, este último com quem treino até hoje. Sensei Uchida, em especial, não poupou esforços e muito menos sábados, domingos e feriados para preparar os seus alunos e os demais interessados para a realização correta do exame, com o comprometimento, o entusiasmo e a seriedade que são algumas de suas (muitas) virtudes. Na quinta-feira, feriado, ainda foi possível ter uma última aula, onde além do sensei Uchida, os participantes puderam aprender as técnicas mais difíceis com os senseis Mário Matsuda e Luis Alberto dos Santos. Além desses queridos mestres, os colegas de tatame foram e são imprescindíveis, pois você nada consegue no judô se não tiver com quem praticar. E quanto melhor o nível do praticante melhor!! Meus colegas judocas da Sociedade Harmonia de Tênis, da Associação de Judô Ishii, da Associação Atlética Acadêmica Getúlio Vargas e da Associação de Judô Alto da Lapa estiveram sempre presentes. Exemplo disso é Vinícius Erchov, faixa-preta 3º DAN, que foi meu uke nesse exame e também foi uke de Sérgio Lex, que obteve o 5º DAN. No total, 2 horas de quedas contínuas!
Agradecimento as famílias que nos apoiaram em cursos, competições, treinamentos, viagens...todo o sacríficio necessário para o aperfeiçoamento do judoca. Minhas avós, meu pai (que sempre me dizia que o judô é um "treinamento para a vida"), minha mãe, meus irmãos (talentosos judocas, o mais velho parou na faixa-roxa e a mais nova na azul, ainda não perdi a esperança de que eles voltem e conquistem a faixa-preta) e a minha esposa Sintya, que há 11 anos assistiu a tantos eventos que sabe mais regras e técnicas do que muita gente. A família é o núcleo mais próximo do indíviduo e esse apoio dá origem a um círculo virtuoso, pois a medida que o judoca se torna melhor no tatame e se fortalece como praticante e como pessoa, ele contribui para tornar a vida familiar mais saudável e assim por diante.
Finalmente, convido a todos os promovidos nesse exame, assim como em exames passados e em exames porvir, a refletir sobre os ensinamentos que o sensei Ichikawa destacou em sua brilhante palestra feita aos candidatos promovidos. Segundo o sensei, o judô desenvolve qualidades técnicas, físicas, espirituais e morais nos seus praticantes. E é através do desenvolvimento dessas qualidades morais que o judoca se aperfeiçoa e aperfeiçoa o mundo ao seu redor, em um aprendizado e uma interação com o mundo que vão existir durante toda a sua vida. Portanto cabe a cada um estudar e treinar sempre e honrar a sua graduação através de uma vida virtuosa e correta. Fica o convite ao professor Ichikawa, para, assim como foi sugerido por um judoca durante a palestra, que o mesmo organize uma agenda de cursos voltados a conduta, ética e moral para os judocas de São Paulo e do Brasil, que poderiam complementar a grade curricular da Federação.

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