segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Conto 8 - Beijos Sensuais

Conto: Beijos Sensuais
Autor: Rodrigo Guimarães Motta
Escrito em: 1994

Nus, nós dois, na noite fria de inverno. Consumada pela intensidade de meus beijos, jaz inerte ao meu lado. Não paro de admirar seu corpo, os seios firmes e alvos contrastanto com os mamilos vermelhos. A cintura esguia, o sexo rosa cercado pelo cabelo muito negro.
E sorri enquanto dorme! Prova mais do que suficiente do prazer que encontra em nossos encontros furtivos. Se apenas soubessem a intensidade do nosso amor e paixão, imaginassem como seu pescoço procura minhas carícias e toda você por me ter dentro, inteiro dentro...
Desgraçadamente sua família e amigos pouco se importam com a felicidade, que cede lugar às aparências. Arranjar um esposo de conveniência, com a bolsa recheada. Até meu título não os comove. Afinal, há muito o ouro se foi, nos dias que passam um nobre sem o metal vale tanto quanto o mais insignificante plebeu.
Força alguma, porém, vai nos manter distantes. Eu, que acreditei anos e anos que emoções não se criam, a repetição de amores, beijos, guerras e vinganças transcorrem com monótona música ao fundo século após século, reconheço a monstruosidade do meu erro.
Desde aquele primeiro encontro, senti algo diferente. Não foi o entusiasmo que se rendeu as minhas carícias e luxúrias, pois assim tantas outras se comportaram. Entretanto, loiras e morenas, princesas e camponesas do novo mundo até o mais extremo oriente, mal sabem da minha fama de amante voraz e insaciável me abandonam, portas se fecham.
Com você, não. Daquela vez e nas muitas outras em que na noite úmida e convidativa a visitei, estava sempre sorrindo, pronta para abrir sua alcova e penetrar em todos os prazeres que o homem, esse animalzinho rasteiro que já fui, encontra em perpetuar sua espécie dessa forma consciente e inconsciente.
O infinito no tempo e espaço em que tive a solidão companheira, permitiu o distanciamento necessário para transcender o emaranhado da paixão e quebrar o círculo chamado moral que foi criado para preservar e não superar essas sensações.
Tanto esforço e sacrifício para atingir a superior condição de independência absoluta, tudo colocado de lado por meu amor. A titãnica sensualidade do prazer põe de joelhos minha vontade cerebral dá passagem à triunfante descoberta de gemidos e carinhos que se renovam a cada encontro nosso.
Ninguém ao meu lado, a parede em ruínas, o preço que paguei para ter a força de tudo fazer dentro do limite infinito de minha individualidade. Esses mundos e personagens fragmentados em que vivo terão um príncipe, agora acompanhado por sua consorte. Das trevas protetoras só sairemos para esporadicamente receber o vinho da alma, permitir a poucos mortais o contato com a deidade que tanto os fascina e assusta.
Eis que abre os olhos, querida! Sim, vamos nos corromper desse delírio um pouco mais, antes que a escuridão, nossa única cúmplice, parta e com ela eu também.
- Acordado e falando bobagens! – os olhos azuis se abriram – eu já estava acordada há algum tempo.
- Ora,....Você sabe que não são bobagens – era evidente o seu embaraço.
- Estou brincando, meu poeta querido – se aproximou dele, suas pernas agilmente entrelaçaram o quadril do companheiro – Adoro suas palavras tão doces, ainda mais faladas por um amante tão dedicado – Procurou com os dedos o membro dele, e riu feliz – e também insaciável!
Subjugado pela força dessa mulher, abraçou seu torso e por cima dela, penetrou com sofreguidão. Seus lábios e língua beijando e mordendo delicadamente, seios, braços, e por fim aquele pescoço delicado.
Drácula e sua amante gozaram juntos.

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