segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Artigo 6: A importância da atividade profissional de educação física no Judô: A contribuição do professor para a construção de uma sociedade ética

Artigo: A importância da atividade profissional de educação física no Judô: A contribuição do professor de Judô para a construção de uma sociedade ética
Publicado: http://www.fpj.com.br/Autor: Rodrigo Guimarães Motta – Diretor de Marketing e Faixa Preta 4 DAN (na época)
Data: 2003


Introdução:


Este trabalho busca apresentar a contribuição do Judô não só para a formação de pessoas saudáveis e vigorosas, mas também o importante papel que o Judô tem como meio difundir valores éticos que contribuem para transformar os praticantes e por consequência a sociedade em que vivemos em um ambiente ético, com valores sólidos, que desta forma oferece mais oportunidades e justiça social a todos. Esta contribuição fica mais relevante quando observamos a nossa volta a proliferação de escândalos e atitudes eticamente condenáveis.


Desenvolvimento do Tema:


As últimas notícias que recebemos da Guerra no Iraque é que os Estados Unidos e sua principal aliada, a Inglaterra, exageraram as evidências que o Iraque possuía armas químicas e nucleares. Recentemente o mundo corporativo se deparou com uma crise de credibilidade sem precedentes na história recente: executivos cinco estrelas, ávidos por conquistar bônus milionários, fraudaram o balanço de empresas com Enron e WorldCom. Os juízes brasileiros ameaçam o governo federal com a realização de uma greve geral com o intuito de evitar a perda dos seus benefícios com a reforma da previdência, que está em aprovação no congresso.
Estes três exemplos demonstram que no mundo e o Brasil não é exceção, valores como honestidade, justiça, respeito ao próximo muitas vezes são colocados em segundo plano por pessoas interessadas em seu próprio benefício e não nos da sociedade em que vive.
Como mudar isso? Apenas punir os que cometem erros não basta. Por um lado, no Brasil a precariedade do sistema penitenciário, em muitos estados dominado pelo crime organizado, torna a prisão um ambiente pouco favorável a mudança de hábitos e atitudes. Por outro lado, quando observamos sociedades desenvolvidas e com melhores indicadores, percebe-se que a ética e os valores que forma essa ética são absorvidos pelo indivíduo através da educação.
É neste contexto que o Judô é introduzido. Pode-se observar que desde os primórdios da prática das artes marciais no Japão, as mesmas tinham além da meta de formar guerreiros de alta competência, o objetivo de preservar nestes a simplicidade e ao código moral dos guerreiros samurais, o “Bushido”. Este código era alicerçado na preservação do chamado “caráter máximo”, composto por integridade, lealdade, bondade e cavalheirismo, entre outros.
Com a Revolução Meiji e a consequente abertura dos portos japoneses, os samurais perderam seu poder e tanto os conhecimentos das técnicas de combate como os valores do “Bushido”entraram em decadência.
Neste momento, um jovem estudante de filosofia, Jigoro Kano, desenvolve o Judô, destinado a preparação integral do indivíduo, através da prática da luta e do aperfeiçoamento moral. Os príncipios filosóficos do Judô são: Ju (suavidade), Seiryoku-Zen-Yo (máxima eficiência com mínimo esforço) e Jita-Kyoei (bem estar e benefícios mútuo). Quando o Judô torna-se esporte olímpico, em 1964, ganha popularidade mundial e fortalece em seus praticantes características como competitividade, aperfeiçoamento constante e dedicação.
O Judô vem para o Brasil com os primeiros imigrantes japoneses e rapidamente torna-se a arte marcial mais praticada no Brasil. Sua popularidade fica ainda maior com a conquista de diversas medalhas nas Olímpiadas, com destaque para os ouros de Aurélio Miguel e Rogério Sampaio.
Devido a popularidade conquistada e aos valores presentes em sua prática, que vêm da sua concepção e são reforçados pela sua prática competitiva, hoje o Judô é ensinado em diversas academias, clubes e escolas no Brasil. O praticante de Judô é mais focado, adquire com a prática constante os valores já mencionados, tornando-se enfim um cidadão mais forte e efetivo em nossa sociedade. É muito difícil encontrar judocas envolvidos em escândalos em seu ambiente de trabalho ou em confusões na rua ou no trânsito, o que motiva muitas mães a colocarem o seu filho no Judô “porque ele está muito nervoso e briguento, o Judô vai torná-lo mais calmo e bem-educado”. Pelo potencial que pode oferecer a sociedade brasileira, o ensino do Judô tem muito a ganhar com a exigência do registro do CREF, que vai qualificar ainda mais seus professores.


Conclusão:


Este trabalho apresentou os problemas que nossa sociedade têm pela falta de uma conduta ética de seus membros. Como ferramenta para alterar este quadro, insere-se a educação e é neste momento que o Judô oferece todo o seu potencial. Como arte marcial e esporte olímpico, a prática do Judô ensina valores como integridade, bondade, bem-estar e benefícios mútuos todos os dias. Desta maneira, seus praticantes são cidadãos corretos e trabalhadores, o que abre inclusive a possibilidade da inclusão do Judô no currículo das escolas, podendo oferecer este importante instrumento de mudança social para um número ainda maior de jovens, o que contribuirá para termos uma sociedade mais ética.


Bibliografia Consultada:


Martins, Gilberto e Lintz, Alexandre. Guia para Elaboração de Monografias e Trabalhos de Conclusão de Curso. São Paulo: Editora Atlas, 2000.
Cohen, David. Os Dilemas da Ética. In Revista Exame, 14 de Maio de 2003, edição 792.
Oitrami, Alexandre. A República dos Juízes. In Revista Veja, 30 de Julho de 2003, edição 1813.
Federação Paulista de Judô. Caderno Técnico de História e Filosofia do Judô. 1999.
Shinohara, Massao. Manual de Judô Shinohara. 2000.
CREF4/SP. Introdução à Educação Física e Caracterização da Profissão. 2003.

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